Óleos essenciais com plantas nativas são alternativa para diversificar atividades, mas seu uso é desafiador

Alimentação do dia de campo contou com produtos da biodiversidade gaúcha

 

Picolé de goiaba, uvaia, araçá vermelho, butiá, açaí juçara, bergamota e guabiroba. Estes foram alguns dos produtos feitos a partir de plantas nativas que puderam ser experimentados no Dia de Campo, realizado em 11 de setembro, em Vacaria, no noroeste gaúcho.

Professores e estudantes do Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Rural (PGDR) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) visitaram a propriedade de Idarci Luiz Orsato, de 11 hectares, sendo 1,3 de Unidade Demonstrativa do Projeto Rural Sustentável usadas para o Sistema Agroflorestal (SAF) e experimentaram na prática as atividades no campo. Parte do grupo auxiliou na poda da área em que Idarci implantou o SAF.

O técnico do Centro de Tecnologias Alternativas Populares (Cetap), Alvir Longhi , que presta assistência ao Idarci, por meio do Projeto Rural Sustentável, explicou que a área do produtor, está dentro da área de atuação do Cetap que trabalha na região dos Campos de Cima da Serra desde 2011. A proposta da implantação de Sistemas Agroflorestais é voltada à conservação ambiental em especial da água e resgate de valorização das plantas nativas.

Além de degustar os picolés, professores universitários, estudantes de pós graduação e técnicos de extensão rural puderam trocar informações sobre agroflorestas e conhecer um pouco mais sobre os óleos essenciais. Além disso, Idarci disponibilizou para degustação alguns alimentos produzidos no próprio local como biscoitos de pinhão, sucos de frutas nativas e salada de radicci.

Os picolés são feitos a partir de polpas produzidas por diversos agricultores, processadas e embaladas por uma indústria da região. Os produtos do pinhão, são feitos a partir de uma massa feito pelos próprios produtores. Pastel de pinhão, por exemplo é produzido por meio do manejo de florestas nativas.

Os participantes receberam informações sobre a produção de óleos essenciais e sabonetes a partir de plantas nativas. Óleos essenciais são substâncias produzidas pelas plantas e que, conforme a espécie, ficam armazenadas em pequenas bolsas nas flores, folhas, frutos e até nas raízes. Receberam esse nome, por conterem o perfume especial de cada espécie.

Joana Bassi, bióloga da Secretaria Estadual do Meio Ambiente, apontou o potencial dos óleos na produção de sabonetes para corpo e cabelo, explicando que ainda existem usos das plantas nativas que ainda são pouco exploradas. “Existe uma demanda de mercado, mas é preciso direcionar estes manejos atrelados à conservação e à sistemas agroflorestais para poder aproveitar na geração dos óleos”, explica. Myrtacea, pitanga, jaboticaba, guamirim, goiaba serrana, jerivá que tem grande produção de óleo vegetal, a amêndoa do côco do butiá e o açaí juçara são algumas das plantas que pode ser usadas.

Os desafios para o seu uso passam por um desconhecimento do uso das nativas (já que a exploração focou mais em espécies cosmopolitas), ausência de pesquisa científica e também falta de tecnologia adequada para produção. Uma forma de resolver este problema, segundo Joana, é aliar a preservação. O butiá, por exemplo, tem 8 espécies diferentes, sendo que todas se encontram na lista de espécies ameaçadas de extinção no Rio Grade do Sul. “O manejo precisa envolver restauração de áreas”, aponta a bióloga.