Produtores do interior gaúcho aprendem mais sobre sistemas agroflorestais
Tecnologia recupera funções ecológicas do terreno
Os sistemas agroflorestais (SAFs) são consórcios de culturas agrícolas com espécies arbóreas que podem ser utilizados para restaurar florestas e recuperar áreas degradadas. A tecnologia ameniza limitações do terreno, minimiza riscos de degradação inerentes à atividade agrícola e otimiza a produtividade a ser obtida.
Por meio do uso desta tecnologia há menos perda de fertilidade do solo e no ataque de pragas. As árvores são inseridas como estratégia para o combate da erosão e o surgimento de matéria orgânica, restaurando a fertilidade do solo sendo fundamental para a recuperação das funções ecológicas, uma vez que possibilita o restabelecimento de boa parte das relações entre as plantas e os animais.
Com isso há melhoria na estrutura e na atividade da fauna do solo e maior disponibilidade de nutrientes, alcançando assim um equilíbrio biológico que promove o controle de pragas e doenças. Ainda é possível, na mesma área, estabelecer consórcios entre espécies de importância econômica, frutíferas e hortaliças.
Este foi o assunto do Dia de Campo, na propriedade de Pedro Wilson, no assentamento Nova Batalha, há 70 quilômetros de Vacaria, no Rio Grande do Sul. A área é uma Unidade Demonstrativa (UD) do Projeto Rural Sustentável, espécie de sala de aula que mostra a viabilidade das tecnologias de baixo carbono.
Pedro produz amora, milho, feijão e milho junto com a esposa Veronica e recebeu cerca de 30 produtores em sua casa. Pedro tentava a vida no Mato Grosso do Sul, juntou dinheiro lá e conseguiu realizar o sonho de adquirir sua própria terra, há 29 anos.
A palestra sobre SAFs, feita pelo geógrafo Josué Gregio, tratou dos serviços ecossistêmicos que este modelo permite, como formação do solo, regulação do microclima e favorecimento do ciclo da água. O tema foi tese de mestrado de Josué que exemplificou aos produtores participantes como implantar o sistema.
Pedro contou que a principal motivação para sua participação no projeto foi para valorizar a preservação e levar adiante esta mensagem aos seus vizinhos. “Eu quero ser uma referência e poder falar sobre uma forma mais sustentável de produzir, porque tenho convicção de que dá certo”, afirmou ele.