Produção e conservação promove um trabalho rural equilibrado
Produtor rural de Realeza no Paraná conta sua história e sensibiliza participantes em Dia de Campo
O município de Realeza, no sudoeste do Paraná, foi sede no dia 24 de maio, de Dia de Campo (DC) promovido pelo Projeto Rural Sustentável (PRS), como ação de sensibilização e capacitação de produtores rurais do município e do entorno da Linha Santa Terezinha.
O evento foi realizado na propriedade da Sra. Leda Batistella, Unidade Demonstrativa (UD) aprovada pela implantação do sistema de Integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF).
A propriedade da família Batistella, adquirida em 1972, possui cerca 5,5 alqueires, sendo 4 hectares divididos entre a lavoura (em consórcio) com louro pardo, espécie nativa da Mata Atlântica e os piquetes de pastagem que compartilham espaço com a grevílea e os eucaliptos, ali plantados para dar conforto térmico aos animais.
O filho da Sra. Leda, Silvio, conta que o sistema de integração foi implantado em 2002 com apoio de uma equipe da Embrapa que já apostavam na tecnologia, na época, pouco difundida. “Quando os pesquisadores vieram falar sobre o plantio das árvores no meio da lavoura e do pasto, quase nenhum produtor acreditou que daria certo. Hoje, com as árvores adultas, é certo que as vacas produzem mais e melhor, sem falar que no inverno, dá muito menos geada em comparação com os campos abertos”, comenta o agricultor.
O agricultor contou ainda que o apoio da assistência técnica proveniente do ingresso da propriedade no Projeto, ajudou ele e a esposa a entenderem que algumas vezes vale mais a pena produzir com maior qualidade e em menor escala. “Antes nós tínhamos um número bem maior de animais em produção. Isso não refletia em renda no fim do mês, porque além dessas, os outros animais da propriedade davam custo também. Como nunca fizemos o controle e a gestão disso tudo, não tinha ideia se o negócio com o leite dava ou não lucro”, alertou Silvio.
Nesse sentido, Jacir Rodrigues, técnico responsável pela proposta da UD e pela realização do Dia de Campo, destacou a importância de se fazer o monitoramento dos mais diversos indicadores envolvidos na produção de leite. “O produtor que não sabe quanto gasta com ração, qual o tempo de lactação e quanto cada animal produz, precisa ter sorte no fim do mês para fechar a conta positiva”, orienta ele, destacando a necessidade do controle financeiro e da produção na propriedade.
Para Carmen, produtora contemplada, o Projeto veio em boa hora, pois além da ajuda financeira, houve o reconhecimento do trabalho e do esforço que ela e a família empregaram desde a aposta no sistema silvipastoril. “Faz tempo que os técnicos e as faculdades da região fazem visitas aqui para conhecer a área de pastejo com as árvores. Só agora, com o Rural Sustentável, tivemos o trabalho reconhecido e valorizado, principalmente com a realização dos Dias de Campo aqui em casa”, conclui ela.
A capacitação foi organizada pela Enplatec, empresa de assistência técnica e extensão rural que atende o município e região. A entidade de ATER cadastrada no projeto, a Biorgânica participou do evento com a apresentação de Nelson Morgan falando sobre Sistemas Silvipastoris. O médico veterinário e professor na Universidade Federal da Fronteira Sul, Prof. Marcelo Mota, abordou o tema da gestão da propriedade leiteira.