Sistema Silvipastoril aumenta produtividade em propriedades rurais do Leste de Minas Gerais

Técnica integra a pecuária, plantação de pastagens e plantio de árvores

Reunir a criação de gado, com a produção de lavouras ao mesmo tempo em que se preserva a floresta nativa. Isso é possível, por meio do sistema produtivo de Integração Lavoura, Pecuária e Floresta (ILPF), tecnologia utilizada no Projeto Rural Sustentável.

O sistema é uma das tecnologias apoiadas pelo Plano de Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (ABC), política pública que incentiva a organização e o planejamento de atividades agropecuárias consideradas sustentáveis e que ajudam o país a reduzir suas emissões de Gases de Efeito Estufa (GEEs), conforme Acordo de Paris.

Dentro da técnica iLPF, o Sistema Silvipastoril integra a pecuária, plantação de pastagens e o componente arbóreo. Segundo pesquisa publicada pela unidade da Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias (Embrapa Florestas), “a prática de arborização da pastagem confere maior sustentabilidade ao sistema pecuário brasileiro, impactando de forma positiva na atividade junto à opinião pública”.

Além disso arborizar pastos em áreas já abertas, com espécies nativas de ocorrência regional, significa estabelecer um novo paradigma pecuário para as regiões. Incluir o componente arbóreo nas pastagens, degradadas ou não, nos diversos biomas, melhora o bem-estar animal, podendo constituir-se, inclusive, em uma alternativa de melhoria do solo, via diminuição de erosão, aumento de fertilidade e ciclagem de nutrientes, dependendo da espécie utilizada. (Embrapa, 2009, p.5)

Para o professor Dr. Rogério Martins Mauricio, pesquisador e docente da Universidade Federal de São João Del Rey (UFSJ), em Minas Gerais, e membro do Conselho Brasileiro de Pecuária Sustentável (CBPS), as mudanças climáticas globais devem afetar cada vez mais a atividade agropecuária.

O professor defende a utilização de modelos de produção que estimulem a geração de biomassa (matéria orgânica de origem animal ou vegetal) e a utilização de arbóreas consorciadas com a produção animal. “A biomassa produzida pelas árvores nativas e por arbustos forrageiros pode substituir os fertilizantes químicos e ser utilizada como uma forma de energia, além de auxiliar na fixação do nitrogênio. Em tempo de preocupações intensas com aquecimento global e seus efeitos essa biomassa representa uma forma natural de sequestro de carbono”, afirmou.

Para Martins, investir em biomassa significa reduzir o desmatamento e diversificar as fontes de alimentação de animais e até de seres humanos.

“Hoje os sistemas Silvipastoris, podem ser compostos por árvores e gramíneas, e além de produzir esse material orgânico, também pode representar importante componente no conforto térmico do animal”, disse.

Martins explica que um dos principais objetivos do sistema é modificar a paisagem da região em que está inserido, sendo um processo agroecológico produtivo de alta eficiência. “Temos o desejo de que essa tecnologia não seja usada por apenas um ou dois produtores, mas sim que ao ver todas as vantagens que ela proporciona, outros se sintam motivados a aplicá-la criando assim um modelo de grande extensão”, salientou.

Sobre o Rural Sustentável 

O Rural Sustentável é resultado de uma parceria do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), do departamento de Meio Ambiente, Alimentação e Assuntos Rurais do Reino Unido (Defra), e do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento e Sustentabilidade (IABS), com foco em ações para o desenvolvimento da agricultura de baixa emissão de carbono nos biomas Mata Atlântica e Amazônia. O propósito é melhorar as práticas de uso da terra e manejo florestal pelos pequenos e médios produtores rurais, promover a conservação da biodiversidade e contribuir para o cumprimento dos objetivos do Plano de Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (Plano ABC).

Além de levar conhecimentos relacionados à gestão sustentável da propriedade rural e tecnologias de baixa emissão de carbono aos produtores e agentes de assistência técnica, o projeto oferece a oportunidade de ganhos financeiros aos participantes.