Pequenas propriedades rurais e o ciclo natural da terra e das águas

Adoção das tecnologias apoiadas pelo Projeto Rural Sustentável para o equilíbrio do sistema

Um evento climático ilustrou na prática os conteúdos teóricos de um Dia de Campo. Assim foi a capacitação realizada em outubro, pelo Instituto EMATER na propriedade do Sr. Izidoro e da Dona Lucila Itcak, localizada na comunidade do Plano Azul em Verê, região sudoeste do Paraná.

A atividade teria como tema principal, o sistema de produção silvipastoril e a importância da conservação e manejo do solo como instrumentos de bom trato ao gado leiteiro. Porém, a tempestade que atingiu todo município naquela manhã, foi responsável pela alteração dos planos da equipe da EMATER.

Impossibilitados de irem a campo para ver na prática os resultados da implantação em 2010, das linhas de eucalipto na propriedade, utilizaram da vivência composta pela ação daquela chuva no solo para demonstrar todo o conteúdo associado aos ciclos das águas e a conservação do solo. Os técnicos deram ênfase também à relação entre os elementos naturais e humanos necessária para manter o equilíbrio ambiental.

Os mais de 30 participantes que marcaram presença no Dia de Campo, puderam perceber a importância da adoção das tecnologias apoiadas pelo Projeto Rural Sustentável para melhorar as condições de nutrição do solo, em especial, o sistema de integração lavoura-pecuária-floresta e a manutenção de áreas de conservação florestal.

O Eng. Agrônomo e técnico da EMATER, Ericson Maxc, destacou que o produtor que almeja obter resultados econômicos e ambientais, seja na produção de grãos ou de leite, precisa mudar seu modo de fazer agricultura, afirmando também que “o Projeto Rural Sustentável, com as tecnologias que apoia, vem ao encontro de um sistema de produção mais equilibrado e menos degradante”.

Como exemplo, o técnico apontou a influência negativa do processo convencional de produção agrícola sobre a extinção das nascentes, em especial com a derrubada das matas ciliares e das encostas de morros, utilizado historicamente pelo homem nos cultivos dos últimos anos. “Há 10 ou 15 anos atrás, vocês percebem que existiam mais ou menos nascentes? Sim, existiam mais e o desmatamento é um dos motivos disso. Mas, também temos que olhar para o processo de compactação do solo que impede a água da chuva de penetrar na terra e atingir os lençóis freáticos, que por consequência, deveria alimentar as nascentes e todo o ciclo da água. Vocês já tinham pensando nisso?”, questionou ele, durante sua palestra.

Fábio Souza, de 39 anos, participante do Dia de Campo, elogiou os conteúdos replicados e disse que vai procurar algum agente cadastrado para submeter uma proposta como Unidade Multiplicadora na sua propriedade, “as palestras foram muito interessantes, a gente pode aplicar as informações sobre pastagem, proteção do solo… tem bastante coisa que a gente pode usar. Muito boa a palestra.” Comenta ele.

Além dos produtores rurais, o evento contou com a participação de autoridades locais, como o secretário de agricultura do município, Sr. Rodrigo Gabossa. Segundo o secretário, é notório os resultados que o projeto já trouxe para o município e ressalta a importância da adesão de mais produtores para aplicação das tecnologias apoiadas nas chamadas que estão abertas: “Sabemos que Verê possui muitos agricultores que se enquadram nos critérios do projeto e queremos muito atingir a meta de propostas aprovadas no nosso município. Afinal, um projeto como o Rural Sustentável que traz benefícios nos pilares da sustentabilidade, da parte econômica, social e também ambiental, é raro e deve ser aproveitado ao máximo”, argumenta ele.

Para Neuri Beche, Eng. Agrônomo da Emater, que submeteu a proposta técnica da Unidade Demonstrativa que sediava o evento, lamentou a impossibilidade de visita ao campo com as tecnologias, pois além dos 3 hectares aprovados na proposta com o sistema silvipastoril, a propriedade possui também 1 ha de área com manejo de floresta nativa associada a produção de mel. “Seria importante essa experiência ser demonstrada, pois há diversos produtores na região que possuem áreas de conservação florestal, porém não utilizam totalmente o potencial econômico dessas áreas”, explica Neuri.

Há 40 anos trabalhando com agricultura na propriedade, o Sr. Izidoro e Dona Lucila, reforçaram esse benefício e contam com orgulho o rendimento obtido em 2016 com as abelhas. “Ano passado nós tiramos quase R$15 mil com a produção do mel, isso é muito bom pra gente. Estamos pensando em incentivar o Adriano, meu afilhado, que hoje é nosso braço direito, doamos pra ele, 10 das nossas caixas de abelha”, comenta Dona Lucila, sorridente.

Ela também se mostrou atenta as melhorias que precisam fazer na propriedade e afirmou, “estamos muito felizes em fazer parte do projeto, foi uma grande ajuda o recurso que veio. A gente está se empenhando em melhorar a propriedade e já investimos parte do dinheiro que ganhamos para isso”.

Saiba mais sobre a Chamada de Unidades Multiplicadoras http://www.ruralsustentavel.org/chamada_um/

Saiba mais sobre a Chamada de Unidades Demonstrativas http://www.ruralsustentavel.org/chamada_direcionada/