Os segredos da floresta de Dona Eva e Seu Adelar
Casal de produtores experimenta com sucesso manejo de floresta nativa
Dona Eva até gerenciava tudo certinho em sua propriedade no município de Vacaria, no assentamento Nova Batalha, distante 75 quilômetros da cidade. Mas foi com a chegada do Projeto Rural Sustentável (PRS) que ela passou a anotar tudo na ponta do lápis. Afinal, a renda aumentou e muito. Eva e o marido, Adelar, comercializam pinhão in natura e massa do pinhão em uma área de 68 hectares que, há cerca de dois anos, se tornou unidade demonstrativa de manejo de floresta nativa, tecnologia de baixa emissão de carbono apoiada pelo PRS.
O sucesso do casal logo despertou curiosidade entre os vizinhos e outros moradores do assentamento, que tiveram a oportunidade de conhecer mais sobre a história dos dois e aprender as técnicas utilizadas em um Dia de Campo. (Os dias de campo são momentos para trocas de experiências entre os agricultores, incentivando que adotem tecnologias de baixo carbono, reduzindo assim o impacto ambiental e contribuindo para o enfrentamento das mudanças climáticas).
REVELAÇÃO E INSPIRAÇÃO – Os segredos logo começaram a ser revelados e despertaram o interesse por replicar as ações do casal. Além do manejo do pinhão, nativo da Mata Atlântica, Eva e Adelar produzem amora, framboesa e gado de leite e corte. A massa do pinhão Eva aprendeu a fazer por meio do PRS. “É uma oportunidade para ampliar o que já fazemos”, conta Maria Adelaine de Souza, que participou do dia de campo. Ela já comercializa framboesa e quer diversificar a produção. Outra que se interessou em participar foi Katiele de Oliveira, filha de Dona Eva, que tem uma propriedade e quer melhorar seu trabalho com pecuária.
Mario Gusson, técnico do Centro de Tecnologias Alternativas Populares (Cetap), e agente de assistência técnica do casal, avalia que o PRS é um dos responsáveis pelo êxito do casal, devido à oferta de conhecimento, além da possibilidade de gerar renda. “O diferencial é que alia preservação e recuperação”, destaca Albenir Conconlatto, também técnico do Cetap e que acompanhou a atividade. Para ele o mais importante é beneficiar famílias que já tem ideias boas, mas não tem como viabilizá-las.
FUTURO – Dona Eva deixou claro que nem tudo são flores e que existem muitos desafios. Um deles é a distância da cidade para a comercialização. Em função disso, o casal quer implantar uma agroindústria. E já deram os primeiros passos. “A construção já está pronta. As máquinas, como o descascador, instaladas. Falta a adaptação para a parte de cozimento do pinhão”, relata, empolgada.