Mandioca, a raiz do agricultor familiar
Cultivo da raiz foi tema de dias de campo realizados em Rondon do Pará e Dom Eliseu
Farinha, tapioca e maniçoba. Esses, são produtos típicos da gastronomia no Pará e que tem origem em uma raiz, a mandioca. Muito presente no prato do paraense, ela é a fonte de renda de muitos agricultores familiares e foi tema de dois dias de campo, do Projeto Rural Sustentável (PRS). Os encontros foram realizados em parceria com o Instituto de Desenvolvimento Florestal (Ideflor), nas fazendas Mineral e Santa Clara, localizadas respectivamente, em Rondon do Pará e Dom Eliseu.
Os eventos tiveram a participação de 57 produtoras e produtores rurais que conheceram as etapas de cultivo da mandioca, desde a escolha do solo até como a raiz pode ser beneficiada e gerar renda para o produtor. “Mostramos para o agricultor alguns detalhes importantes para melhorar sua produção. A gente sabe que no Pará, a média é dia 15 toneladas por hectare. Mostramos que com pequenas técnicas esse número pode melhorar e chegar a 20, 30 toneladas por hectare, o que dá um grande ganho para renda”, comentou o engenheiro agrônomo Luziel Oliveira Ferreira, do Ideflor.
Nos dias de campo, foram apresentadas as etapas desde a escolha e preparo do solo, espaçamento entre as plantas, a prática de capina, controle de pragas e doenças até a forma de colheita da raiz mais segura para o agricultor.
A madioca é uma cultura de ciclo curto que pode gerar renda ao produtor a curto prazo, mas os agricultores podem beneficiar a raiz de diversas formas e explorar outras partes da planta. “Da raiz se faz farinha e goma. Das manivas replicamos o seu plantio e não é necessário comprar, pode-se fazer das plantas já existentes. Das folhas se faz a maniçoba. A planta produz vários produtos. Só vender a raiz pode não gerar tanta renda, se o preço estiver baixo. Se o produtor transformar aquela matéria-prima pode ter muito mas renda na sua propriedade.”, ressaltou o agrônomo.
Há mais de 30 anos o produtor rural Hosano Barbosa cultiva a mandioca e pretende colocar as técnicas apresentadas em prática. “Eu sempre tirei a minha renda da mandioca e o que aprendi hoje testarei na produção. Sempre quero melhorar o plantio e aumentar a produção”, comentou o agricultor.
O cultivo da mandioca também contribui para a implantação do Sistema Agroflorestal (SAF) melhorando a produtividade da planta quando está em consócio com outros espécies. No SAF, a mandioca dá sombreamento para as culturas de ciclo longo como cupuaçu e açaí entre outras espécies, que terão a primeira colheita após quatro ou cinco anos. Além da função do SAF a mandioca é uma cultura de ciclo curto e pode melhorar a renda do produtor em apenas alguns meses.
O produtor rural Noemi Antônio Rodrigues obteve resultado positivo, na primeira colheita de mandioca, após a implantação do SAF. “Nessa primeira colheita, colhi 48 sacas de goma que deu uma rentabilidade de quase R$ 20 mil. O que pretendo é ampliar a minha produção e diversificar, colher açaí e castanha do Pará,” comentou o agricultor.
Há dois anos, Antônio Arrais Filho, iniciou a implantação do SAF consorciando o paricá, uma espécie de árvore muito comum na Região Amazônica, como componente florestal e espécies frutíferas, além do feijão e mandioca. “Eu tive um resultado muito bom, já colhi feijão, limão, inhame, maracujá, quiabo e melancia. E sei que ainda posso colher muito mais. Tudo começou com a mandioca junto com o paricá. Melhorou a renda e aumentou a minha produtividade”, finalizou o produtor rural.