Culturas de ciclo curto contribuem para implantação do SAF

O tema foi abordado em Dias de Campo realizados em Marabá no Pará

“O feijão é um adubo natural que ajuda no preparo da terra”. Há mais de 20 anos, o Sr. José de Nazareno Alves Cavalcante, planta o feijão, uma das culturas de ciclo curto como a mandioca e o milho. O cultivo é comumente praticado por pequenos e médios produtores rurais paraenses que, além de gerar renda durante todo o ano, tem papel fundamental na implantação de Sistemas Agroflorestais (SAF).
As culturas de ciclo curto ou culturas anuais, como também são chamadas, são plantas com ciclo de no máximo um ano, e foram temas de Dias de Campo, do Projeto Rural Sustentável (PRS), realizadas no dias 21 e 22 de abril ,na Fazenda Souza, Chácara Prata e Sítio Vale do Paraíso, localizadas em Marabá, no estado do Pará. Os eventos tiveram a participação de 120 pessoas, entre produtores rurais e estudantes de agronomia da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa).
Nas propriedades rurais que são Unidades Demonstrativas do projeto, os participantes conheceram formas diferentes de produção das culturas como: o plantio de milho consorciado com o feijão e mandioca; o cultivo da mandioca, utilizada para o sombreamento do cupuaçu; o plantio adequado da mandioca e o feijão como preparo da terra para culturas permanentes entre elas, o açaí e o cupuaçu.
Nas Unidades Demonstrativas, as culturas de ciclo curto foram adotadas como meio de geração de renda durante o ano, já que as culturas permanentes, como o cupuaçu e o açaí têm o ciclo médio de cinco anos.
“Para implantar o SAF nós temos que introduzir as culturas de ciclo curto como as temporárias, porque são elas que dão a manutenção nos primeiros anos antes da cultura principal (açaí e cupuaçu), começarem a produzir. Por exemplo, com 40 dias se colhe o feijão, o milho com 70 dias e a mandioca com oito, dez meses. É uma renda rápida para a manutenção daquele trabalho que é demorado”, ressalta Francisco Jorge de Araújo, técnico agropecuário e ATEC do PRS.
Além da geração de renda, as culturas anuais tem uma grande contribuição na adoção de SAF, associadas com as culturas permanentes e essências florestais. Um exemplo é o plantio do feijão, que absorve nitrogênio para o solo, o que contribui para o crescimento de culturas permanentes. Não é à toa, que o produtor José Nazareno considera a leguminosa um adubo natural.
“O feijão tem muito nitrogênio. A gente planta a cultura de ciclo longo e depois o feijão, para quando entrar o verão a terra está coberta. Além de colher o feijão, eu estou beneficiando a terra”, explica o produtor rural.
Joaquim Roque Fonseca pretende replicar a experiência, na sua propriedade, apresentada nos Dias de Campo. “Eu não sabia que o feijão poderia ser importante para outras plantas, agora vou plantar e consorciar com o milho e outras culturas”, comenta o produtor rural.
Para Geicy Kelly Pereira, estudante de agronomia, as capacitações foram importantes para compreensão de como as culturas de ciclo curto podem ser produzidas e contribuir com a produção sustentável. “Eu me surpreendi ao ver que se pode produzir três culturas utilizando a mesma área. Assim como aqui na Chácara Prata, onde o produtor está implantando uma nova tecnologia, cobrindo o cupuaçu para auxiliar na germinação”, finaliza a estudante.