Plantio de eucalipto é alternativa para redução da mão-de-obra

Propriedade se tornou Unidade Demonstrativa do Projeto Rural Sustentável

Foi uma terra pedregosa que expulsou Maria e João Batista de Arvorezinha, interior do Rio Grande do Sul. Um irmão já morava em Barros Cassal, o casal foi conhecer a cidade e decidiram ficar, há mais de 20 anos. Foram anos plantando fumo até perceber que a mão de obra no futuro seria mais escassa: os filhos cresceriam, iriam casar e seguir outros caminhos. Começaram então o manejo comercial de eucalipto como atividade na propriedade no Engenho Velho, interior de Barros Casal, há 200 quilômetros da capital Porto Alegre, no centro do estado.

A tecnologia é uma das apoiadas pelo projeto Rural Sustentável, que dá incentivo financeiro e assistência técnica através de uma cooperação técnica entre o Governo Britânico viabilizado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), através do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). O projeto apoia quatro tecnologias de baixo carbono: recuperação de área degrada com pecuária ou floresta, integração lavoura-pecuária-floresta, floresta comercial e manejo de floresta nativa.

Na propriedade de Maria e João, que é uma unidade demonstrativa (UD) do projeto, foi feito o manejo de floresta comercial. As UDs, são espécies de salas de aula para mostrar a outros produtores como as tecnologias são viáveis, por meio da realização de Dias de Campo.

Com o dinheiro do projeto, R$ 20 mil reais, investiram ainda mais: abriram estrada para entrada de caminhão que busca eucalipto e arrumaram o açude. As nozes pecã eles comercializam para uma empresa que vende chás e outros produtos. Outro motivo que levou o casal a buscar o plantio de eucalipto foi que o fumo é comercializado somente para algumas empresas, já a madeira tem mais opções de compradores.

A lenha serve para secar o fumo produzido na região e a parte serrada para construtoras. Com sorriso no rosto, mostram toda a propriedade, orgulhosos dos feitos. Seu João e o filho cortaram sozinhos 530 metros cúbicos de eucalipto no último inverno. “ O trabalho é pouco, nem se sente”, comenta João.  Maria e João também gostam muito de aprender nos Dias de Campo do Projeto. “ Se aprende muito, é motivador. Às vezes desanima, mas aí alegra. Os técnicos explicam bem”, avalia Maria.